31 janeiro, 2013

Dono do perfil ‘Irmã Zuleide’ é preso e ironiza a detenção

O DJ Álvaro Oliveira Rodrigues, de 20 anos, responsável pela página “Irmã Zuleide” nas redes sociais, fez uso dos perfis criados para ironizar a própria detenção, ocorrida na madrugada do último domingo (27), em Santos, no litoral de São Paulo. O DJ utilizava a foto de uma professora de Campinas sem autorização para ilustrar as mensagens no Facebook e no Twitter.
O DJ, que foi liberado após assinar um termo circunstanciado, vai responder por constrangimento, injúria e difamação. Depois da prisão, Álvaro simulou em postagens nas redes sociais a “experiência” de “Irmã Zuleide” na prisão, por meio de frases como “PRESA NADA! ISSO É PAPO DE ATEU!” ou “Jovens tem (sic) comida grátis aqui na cadeia, vou encher o buxo (sic)! Ôh, Glória!!”. Até a “liberação” da personagem foi descrita pelo DJ, com a postagem: “O irmão Teobaldo chegou na delegacia com um abre os corpos e fui libertada, só Jesus na causa”.
Também via Facebook, Rodrigues deixou um recado aos cerca de 2,1 milhões de seguidores da página que mantém na rede social, dando a entender que não pretende encerrar as atividades do perfil. “Não vou abandonar o que eu amo, não vou abandonar os que faço feliz. Não vou abrir mão de cada sorriso, de cada mensagem. Não deixar de alegrar diariamente cada um de você (sic). Às vezes as coisas acontecem, mesmo quando não temos intenções negativas, coisas da vida, segredos de Deus. Beijos de luz aos que estão comigo, e obrigada sempre pelo carinho”, diz o recado.
Nas redes sociais, o assunto teve rápida repercussão. Até o final da tarde desta terça-feira (29), o termo “Irmã Zuleide” estava entre os tópicos mais citados do Twitter no Brasil. A maior parte dos comentários referentes ao tema questionavam o “futuro” de outros perfis falsos (os chamados “fakes”), que utilizam fotos (e até nomes) de personalidades e se tornaram febre na internet.
Bullying
A dona da imagem que inspirou a criação do perfil ‘Irmã Zuleide’ estaria, segundo a polícia, sofrendo bullying e passando por tratamento psiquiátrico. Segundo a polícia, uma professora de Campinas, que teve sua foto veiculada em perfis na Internet, foi a responsável pela denúncia que obrigou o DJ a prestar esclarecimentos.
A delegada do 1º DP de Santos, Edna Pacheco Fernandez Garcia, é responsável pela detenção do DJ. De acordo com Edna, a professora de Campinas, que teve a foto divulgada no perfil, está sofrendo consequências desde a criação da página. “Ela não podia fazer mais nada na cidade onde mora, e ela é professora da educação infantil. Isso estava prejudicando ela no serviço”, explica a delegada.
Ainda segundo informações de Edna, o ‘Irmã Zuleide’ começou com uma conta no Twitter que descrevia, na visão do DJ, o dia a dia de um evangélico. A professora de Campinas leciona para crianças, e depois da divulgação sem permissão de sua fotografia ela estava sofrendo com problemas psiquiátricos e psicológicos. “Ela é evangélica, e o colégio onde ela trabalha também é evangélico”, diz a delegada.
A professora vai retonar para a cidade para prestar novos depoimentos, mas a delegada ainda não tem uma data definida para o retorno da vítima. “Na realidade, por conta desses tratamentos psiquiátricos dela, o advogado ficou de voltar entre essa semana e a semana que vem”, conta Edna.
O caso
A página “Irmã Zuleide” no Facebook, que utiliza um tom cômico para tratar assuntos do cotidiano, ganhou destaque há quase dois anos. A polícia começou a investigar o DJ porque a foto utilizada no perfil é, na verdade, de uma professora de Campinas – que afirma ter sofrido transtornos com a exposição e acionou a polícia para remover o conteúdo da internet.
Quando informada que o dono da página faria um show em uma casa noturna do Centro de Santos, a professora seguiu, com seu advogado, para a Baixada Santista e procurou o 1º Distrito Policial da Cidade. Segundo a polícia, Rodrigues não estava caracterizado como “Irmã Zuleide” quando identificado pelos policiais, mas foi encontrado e detido.
O DJ, que é natural do Rio Grande do Norte, admitiu ser o autor do personagem. Em depoimento, disse que a intenção da página era satirizar uma igreja evangélica, e que a foto da professora foi achada em uma pesquisa aleatória feita por um buscador.
Fonte: G1

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