05 março, 2013

Jornalista compara crucificação de Cristo com perseguição aos gays

Rede BBC está envolvida em polêmica por causa de programa de Páscoa

“A história de Jesus está intimamente ligada à ideia de Ele ter sido perseguido e rejeitado pelo seu próprio povo, os judeus. O motivo para isso é que Cristo não podia mudar o que ele era desde seu nascimento, filho de Deus, o messias para a redenção da humanidade. No entanto, ele não foi compreendido, por isso acabou sendo excluído, abandonado e, finalmente, executado”.
Qualquer cristão poderia concordar que essas declarações são coerentes com a mensagem da Páscoa. Mas a rede inglesa BBC irá fazer um programa especial usando os argumentos acima para comparar a morte de Jesus com o tratamento que os gays recebem dos religiosos.
A percepção de “abandono” sentida pelos homossexuais pode ser comparada com o que Cristo passou ao morrer na cruz? O jornalista Benjamin Cohen, ex-apresentador da BBC e atual ativista pelos direitos dos gays, formulou esse conceito e irá apresenta-lo durante um programa na Rádio 4, da rede BBC, sobre a Páscoa.
O tema do programa será “abandono”, e o foco é mostrar que as pessoas não podem “rejeitar” seus filhos “por algo que eles não conseguem mudar”. No caso, ser gay.
Cohen diz que os homossexuais frequentemente são tratados pelos religiosos da mesma maneira como os judeus e romanos trataram Jesus em seus momentos finais.
O jornalista é judeu e cresceu numa família ortodoxa, mas estudou em uma conceituada escola católica. Por isso, acredita que a maneira como cristãos e judeus reagem ao descobrir que tem um filho gay não é muito diferente.
Seu principal argumento é que a rejeição dos pais a sexualidade de seus filhos devido a crenças religiosas tem levado muitos jovens ao suicídio. “O sentimento de ser abandonado por Deus é percebido nas palavras de Cristo nas narrativas de Marcos e Mateus, onde ele diz:” Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”, explica. Do mesmo modo, muitos homossexuais que acreditam terem nascido assim sentem-se abandonados por seus pais quando percebem que não poderiam mudar sua “essência”.
Obviamente essa argumentação, usada em alguns artigos de Cohen publicados pela imprensa inglesa nos últimos dias, gerou duras críticas de grupos religiosos do Reino Unido, que classificaram a comparação de “infeliz e ofensiva”.
Andrea Williams, diretora da Christian Concern, disse: “Embora tenhamos uma imensa compaixão por aqueles que são rejeitados pela sociedade, comparar a rejeição causada por escolhas comportamentais com o que as autoridades fizeram com Jesus é uma blasfêmia”.
Embora Cohen e muitos outros ativistas argumentem que homossexualidade não é uma escolha e que as pessoas nascem assim, Williams acredita que “Jesus fez grandes exigências sobre como deveríamos viver e isso inclui nossa expressão sexual. [Na Bíblia] está claro que o único tipo de relação que deve existir é no contexto do casamento entre um homem e uma mulher”.
Mesmo antes de ir ao ar, o programa com Cohen já teve uma grande repercussão na sociedade inglesa. Para organizações como o Christian Concern, a BBC sendo uma emissora estatal deveria se preocupar em “educar e informar a população sobre Jesus” nessa época que antecede a Páscoa.
Embora a rede BBC não queira comentar o assunto, Benjamin Cohen se defende : “a religião deveria unir mais as pessoas, não separá-las. Famílias com filhos gays não deveriam rejeitá-los nem trata-los como párias. Certamente a mensagem do cristianismo e de todas as religiões é baseada no amor”.

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