28 fevereiro, 2014

QUE DEUS NOS AJUDE A NÃO JOGAR A TOALHA

Por Antognoni Misael
Tenho vivido dias de tempestades. Já são 17 anos de evangelho e o sofrimento só tem aumentado. Isto porque me ensinaram precocemente a tal de uma “arte de pensar”. Aí comecei a me achar um “pensador”, principalmente depois que me disseram que tinha recebido a mente de Cristo. Então o que antes era um exercício para auto-edificação aos poucos foi se tornando o meu próprio fardo, isto porque limpei as sujeiras de minhas lentes pelas quais via as coisas, mas infelizmente não pude fazer o mesmo com muitos que me rodeiam. Concordo piamente com o que disseram certa vez:  “o mais corajoso dos atos ainda é pensar coma própria cabeça”(Coco Chanel).

Ando pecando muito, confesso. Por isso estou invejando aquele simples cristão que mora no campo, que passa o dia abraçado com a criação de Deus lidando diretamente com a natureza e as mais variadas formas de plantas, pássaros, riachos, rios, vento, sombra…

Invejo o cristão humilde da igreja simples que a noite se reúne com os irmãos num templo pobre, sem som, iluminação, sem amplificadores, sem instrumentos eletrificados, sem projetores – apenas a Bíblia, a voz, a viola do campo envelhecida e a maravilhosa presença de Jesus.

Invejo o cristão que não sabe nada sobre as tantas correntes teológicas e que nunca imaginou que elas têm afastado os próprios irmãos por causa dos pensamentos divergentes por não saberem separar ideias de vidas.

Invejo os que nunca ouviram falar em shows gospel e nunca souberam das falcatruas por amor ao dinheiro que este segmento anda protagonizando.

Invejo o cristão que nunca acessou uma internet e nunca assistiu a um vídeo recheado de loucuras, apostasias, bizarrices que mundo evangélico tem apresentado.

Invejo o cristão que nem sonha que existem milhares de pseudo-líderes escondendo a cruz de Cristo e faturando grana em detrimento de um falso evangelho.

Os invejo porque sei que estão regozijados e satisfeitos plenamente em Cristo e poupados das tantas loucuras deste mundo.

Estamos diante de um conflito sistemático que nos inquieta. Tudo está em cheque: nossa fé, missão e relevância. E ao notar que as engrenagens do sistema o qual estamos inseridos está enferrujada, não nos cabe mais a fuga, mas sim o doloroso enfrentamento por amor a Deus e a sua Igreja. Daí notamos que “pensar” tem nos gerado sofrimento porque automaticamente esta ação faz com que não nos conformemos com a loucura corrupta deste mundo, e isso ao mesmo tempo nos torna perseguidos por uma outra “fé”, outra “missão” e outra “relevância”.

Outra fé. A fé do evangelho conveniente. A fé do mistério, da prosperidade, da cura, do decreto, da barganha.

Outra missão. A missão de ser feliz a todo custo. A missão de ser destaque neste mundo, ser cabeça, ser filho do Rei e ter direito ao melhor desta terra.

Outra relevância. A relevância de ser um povo separado, longe e distante do pecador.

Sendo perseguido por estas “outras” citadas e denunciado-as como incoerentes com os valores do reino, automaticamente tornamo-nos os perseguidores. E neste prisma, alguns embates surgem como proposta para nosso recuo:

1) Somos acusados de dividir o reino

2) Somos acusados de tocar nos “ungidos do Senhor”

3) Somos acusados de rebeldes e intolerantes

4) Corremos o grande risco de que alguns crentes se afastem de nós

5) Corremos o grande risco de nos tornarmos uma espécie de intruso na igreja

Contudo, ‘pensar’ ainda tem sido uma arma para igreja nestes tempos – por isso é de ser estranhar uma igreja que diz ter a mente de Cristo, mas ao mesmo tempo odeia usá-la.

Pensar. Não é proibido pensar. Aliás, “É proibido proibir” de pensar.

Mas vamos logo sabendo que quem pensa muito, descansa menos. Entretanto, o nosso chamado é para não nos conformarmos, mas nos transformarmos pela renovação da mente. Isto é, penso, logo sigo Rm 12.2.

Termino pedindo misericórdia e Graça a Deus pois as “invejas” citadas acima, e que tanto sinto, na verdade podem ser uma evidência de que estou cansando. E cansar pode gerar em mim (ou em nós) a covardia de viver um “Let It Be” religioso, como se ter a mente de Cristo não fosse algo honroso, uma vez que nos faz sofrer, ser mal interpretado,  injustiçado e perseguido.

Que Deus me (e nos) ajude a não jogar a toalha!

Soli Deo Gloria

Antognoni Misael, cansando diante de tanto anacronismo evangélico, ou como se disse por aí, em-vão-gélico. 

Púlpito Cristão.

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