29 novembro, 2012

Igreja brasileira só está preocupada com o conforto dos membros, diz David Botelho

Líder missionário desabafa em entrevista ao Gospel Prime.

O estudioso de missões, David Botelho foi um homem de negócios antes de largar uma carreira promissora para se tornar pastor e missionário na Bolívia. Há décadas envolvido no preparo e envio de missionários, ele lidera a missão Horizontes América Latina, que já enviou dezenas de cristãos comprometidos para o campo missionário transcultural no Brasil e no mundo.
Nesta entrevista exclusiva o portal Gospel Prime ele enfatiza porque está decepcionado com os rumos da igreja brasileira.   
Gospel Prime – Como as missões brasileiras estão sendo afetadas pelo crescimento econômico do país nos últimos anos? 
David Botelho - O crescimento econômico levou as organizações missionárias a terem menos candidatos, isso é devido à influência da teologia da prosperidade egoísta. A última estatística da Sepal mostra que no final dos anos 80 havia um crescimento de 12.8% no envio dos missionários transculturais brasileiros e em meados da década passada caiu para 3.5%. Agora creio que caiu muito mais ainda.
GP – Por que vemos tantos templos luxuosos e caros sendo construídos e nem de perto vemos o investimento em missões subir? 
DB - O que temos visto é um interesse pelas coisas deste mundo e não pelas eternas. Muitos pastores presidentes não se contentam mais com carros luxuosos e mansões. Agora correm atrás de possuir fazendas, hotéis, jatinhos e helicópteros. Os templos são somente fruto do reflexo de somente pensar nesta vida.
GP – A perseguição hoje em dia alcançou uma alta histórica, como isso reflete no campo missionário? 
DB - Muitos têm medo de ir para o Iraque, Síria, Afeganistão e Palestina, por exemplo, mas o Brasil se tornou o mais violento do mundo. Creio que o Pai está nos preparando para ir para outros lugares menos perigosos como os que mencionei. Detalho isso no livro que estou escrevendo: “OS INCONFORMADOS – onde estão eles no século XXI?”, que deve ser publicado em breve para tentar despertar a igreja brasileira.
GP – Seus livros sempre questionam os esforços da igreja na área de missões. Como avaliar essa questão em tempo onde a internet e a tecnologia parecem substituir muito do esforço humano? 
DB - A internet e a tecnologia têm sido benção como um meio para propagar o evangelho, mas o relacionamento é a melhor maneira de termos comunhão e discipulado. Nada supera a presença do ser humano. Além disso, ainda temos mais de 2.000 línguas que não possuem tradução do livro sagrado. É preciso tecnologia, mas ainda a capacidade do ser humano para concluir tal tarefa.
GP – O senhor comparou recentemente a igreja brasileira com Laodiceia, poderia explicar mais o que quis dizer?
DB - As águas de Laodiceia não eram nem frias e nem quentes e só davam ânsia de vômito. Ao mesmo tempo as águas de cidades vizinhas como Hierápolis eram termais e as de Colossos eram frias e boas para beber. Jesus sentiu vontade de vomitar de sua boca a Igreja de Laodiceia, pois era autossuficiente e tinha a falsa confiança. Creio que a Igreja brasileira está vivendo a mesma condição hoje, pois é antropocêntrica [centrada no homem], parece que tudo é voltado para o bel prazer de seus líderes e o conforto dos membros.
GP – Que dica o senhor daria para alguém que sente um chamado para servir como missionário? 
DB - Algumas dicas seriam:
1 – viver com 70% do que ganha
2 – investir o restante para o futuro do ministério
3 -  Iniciar um curso sobre missões transculturais a distância, como a que a Missão Horizontes oferece, para conhecer mais sobre o assunto.
4 – Relacionar-se com os cristãos que ainda tem visão e fogo missionário.
*Baixe o primeiro capitulo do livro de David Botelho aqui.

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