Em entrevista ao blog de Roldão Arruda, do jornal O Estado de São Paulo, o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Anivaldo Padilha, falou sobre a ligação entre as Igrejas e a ditadura militar.
Essa relação vem sido estudada por onze pesquisadores que são especialistas em questões religiosas, Padilha que é metodista e membro do Conselho Latino-America de Igrejas consegue notar que a Igreja Católica chegou a apoiar o golpe militar, mas acabou se afastando depois da instauração do Ato Inconstitucional de número 5, que institucionalizou a tortura no País.
“Com o clamor anticomunista imposto ao Brasil naqueles dias, as igrejas foram utilizadas como instrumento político a favor do golpe. Ajudaram a preparar o clima que levou à derrubada do governo constitucional. As manifestações da Marcha da Família com Deus pela Liberdade foram o melhor exemplo disso. Ingenuamente, ou deliberadamente, as igrejas ajudaram a legitimar o golpe.”
Sobre as igrejas protestantes Padilha informa que há poucas informações, mas de concreto ele pode afirmar que os líderes protestantes eram a favor da ditadura. “As principais lideranças das igrejas protestantes continuaram apoiando o regime mesmo depois do AI-5. Foi só a partir de um determinado momento, já na década de 1970, que começa a haver um fortalecimento da oposição em setores protestantes e a sua aproximação com os católicos”, disse.
Os pesquisadores da Comissão Nacional da Verdade estão encontrando dificuldades para encontrar dados concretos sobre essa ligação entre as igrejas e a ditadura. “As igrejas estavam presentes em toda a extensão territorial do País. Teremos que fazer escolhas, buscar os casos emblemáticos, mais representativos do comportamento das igrejas”, disse Padilha.
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