09 dezembro, 2013

Funk gospel leva “mensagens de fé” aos bailes das comunidades

Cantores garantem que livraram jovens das drogas
“Mas eu falei com o pastor e ele me atendeu
Soltou o pancadão e fez a igreja cantar
A palavra do senhor ninguém pode parar
É a arma mais potente não tem como encarar
Ela veio de surpresa, foi uma rajada que atingiu meu coração
Tem 66 calibres, não é AR-15 mas é de pura pressão
Estou falando é da Palavra, da Bíblia sagrada que liberta o pecado,
por isso aceite ao Senhor, aceite ao senhor, Jesus o salvador”
Esta é a letra de uma das músicas da dupla de MCs Tiago e Diogo, um dos mais conhecidos representantes do funk gospel. Os irmãos gêmeos, se intitulam “missionários do funk”. De origem humilde, nasceram na periferia de Niterói, RJ, e contam que já precisaram catar ferro velho para sobreviver. Após mais de três anos de sucesso, a dupla hoje faz parte de uma gravadora internacional com forte presença no meio gospel, a Sony Music.
O estilo funk gospel surgiu há mais de 10 anos no Rio de Janeiro. Sua proposta era levar uma mensagem positiva às pessoas acostumadas com o “batidão”. De maneira similar ao que ocorreu com outros ritmos, aproveitar sua popularidade e “santificar” o estilo apresentado em eventos das igrejas.
Adriano Funk Gospel se declara o pioneiro deste estilo musical. Ele acredita que o ritmo está se consolidando. “É um orgulho ver que o funk do evangélico tira muita gente das ruas e da marginalidade”, comemora. Também conta que há dois meses teve mais uma prova disso: “Fiz show nos Estados Unidos e na Argentina e virou sucesso.”
Alguns eram funkeiros antes de se converter e, acabaram refletindo isso nas novas letras de suas música. LC Satrianny já foi membro da Furacão 2000, grupo que é um dos maiores responsáveis pela explosão do funk no Brasil nos últimos 20 anos.
Se antes cantava sobre mulheres e festas em suas músicas, hoje seu ‘pancadão’ fala de Deus. Ele tem mais de seis anos fazendo evangelização de moradores de comunidades do Rio através do funk. Nascido e criado no Complexo da Maré, faz em média quatro apresentações por mês em favelas. No mundo secular, adeptos do rap e do funk se denominam MC (Mestre de Cerimônia), convertidos passaram a ser LC (Levita de Cristo).
Satrianny garante já ter tirado muitas pessoas do mundo das drogas. Além das músicas leva para o palco sua Bíblia e conversa com os jovens sobre drogas e violência. “Ao fim do show sempre pergunto quem quer aceitar Jesus, e dezenas levantam a mão. Muita gente se identifica comigo pelo meu passado, e vê que é possível superar tudo”, explica.
O cantor diz que já teve sérios problemas com bebidas e prostituição. “Já tive oito namoradas ao mesmo tempo”. Recentemente, recebeu o convite de um pastor para cantar em uma cracolândia da Baixada Fluminense. “Saio desses lugares com a sensação de que plantei uma semente do bem”, assevera.
Aos poucos, mais artistas do gênero vão surgindo e já possuem um site, o Batidão Gospel, que reúne testemunhos, vídeos, informações sobre os cantores e DJs, além de divulgar eventos como o “Culto dos funkeiros”. Com informações de O Dia.

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