25 janeiro, 2014

“A produção de teologia brasileira é podre”, afirma estudioso

Fernando Cintra é pastor batista e tem doutorado em teologia. É casado com a pastora Zenilda Reggiani Cintra, e ambos pertencem a Convenção Batista Brasileira, uma das mais antigas do Brasil.
Tendo estudado tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, Fernando é um estudioso que tem uma visão crítica sobre a teologia feita em nosso país. Em conversa com o portal Gospel Prime, disparou: “a produção de teologia brasileira é podre em todos os sentidos. Ainda estamos lendo em nossos seminários teólogos da década de 60 escritos por teólogos que já estão ultrapassados em suas conclusões”.
Entre as muitas questões polêmicas dentro das igrejas tradicionais está a ordenação feminina. Este mês a Ordem dos Pastores Batistas aprovou essa questão que divide a denominação. Para Fernando, a questão é simples: “Quando Deus começa uma obra ninguém pode segurar, mas Ele trabalha em nossa história… Nosso sistema congregacional é uma bênção, mas tem suas limitações e uma delas é que cada um pensa de um jeito”.
Para ele, parte da culpa é das editoras evangélicas do país. “Há muita coisa em termos de teologia bíblica evangélica brasileira, mas não há um parque gráfico operante. As editoras preferem traduzir livros de outros países. O que não acontece com a teologia brasileira católica”, acredita.
Além disso, lembra que a maioria dos seminários brasileiros só ensinam sobre “os teólogos da primeira década do século XX e nem sabem os nomes dos teólogos brasileiros evangélicos e latinos”. Ou seja, de certa forma estamos “parados no tempo” ao longo das últimas décadas.
Para as igrejas mais tradicionais isso teve um resultado claro: a perda de terreno para o movimento neopentecostal e a “explosão” de denominações como a Universal, a IMPD e outras. “Os tradicionais erraram em não falarem a língua do povo e nem de tratar o povo como indivíduos e não massa. O Deus imanente ficou muito mais visível pelos pentecostais e nas novas igrejas do que pelos tradicionais que não foram bons na divulgação”, assevera o pastor.
Sendo assim, constata-se que existe uma dilema com o crescimento estatístico no número de evangélicos do Brasil: o número de seminários não acompanhou, prejudicando assim a formação de novos líderes para essas novas igrejas.
Fernando vai mais longe: “A formação não garante o sucesso ministerial, mas nenhum pastor que conheço fica muito tempo no ministério sem desastres sem a formação formal. É fácil começar sem ela, o difícil é continuar. O tempo mudou, as pessoas estão mais cultas e os pastores que são comunicadores precisam se especializar”.

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