Quinze importantes líderes de denominações evangélicas dos Estados Unidos enviaram uma carta aberta ao Congresso na semana passada. Eles pediam uma investigação e possível suspensão da ajuda do governo americano a Israel.
O documento foi enviado a todos os membros do Congresso e assinado por líderes da Igreja Presbiteriana, Igreja Evangélica Luterana da América, Igreja Metodista Unida, o Conselho Nacional de Igrejas dos EUA e a Igreja Unida de Cristo.
Dizendo que têm “testemunhado a dor e o sofrimento” de israelenses e palestinos, os signatários acreditam que “a assistência militar incondicional dos EUA a Israel tem contribuído para esta deterioração, sustentando o conflito e minando, a longo prazo, os interesses de segurança de israelenses e palestinos”.
A carta pede ainda “uma investigação imediata sobre possíveis violações por parte de Israel” de acordos com Washington para o uso ilegal alegado de armamento vendido pelos EUA contra os palestinos. Há um pedido pela divulgação de “informações regulares sobre o cumprimento do acordo e a fim da ajuda militar em caso de descumprimento”.
No passado, muitos destes líderes eclesiásticos enviaram cartas para o Congresso criticando alguns esforços israelenses, especialmente a construção de assentamentos. No entanto, este é o primeiro ataque aberto contra o pacote de ajuda de três bilhões de dólares anuais de ajuda dos EUA para Israel.
Várias igrejas protestantes tiveram disputas em convenções recentes sobre a decisão de boicotar produtos feitos na Cisjordânia, desestimulo a empresas que fazem negócios com Israel ou criticaram duramente o controle de Israel sobre a Cisjordânia.
No início do ano, a Igreja Presbiteriana dos EUA debateu qual atitude tomaria em relação a empresas que fazem negócios com as forças de segurança israelenses na Cisjordânia. Um apelo semelhante foi discutido na assembleia nacional dos Metodistas, em maio. Em setembro, o grupo financeiro ligado aos Quakers decidiu não fazer mais negócios com empresas envolvidas de algum modo com a ocupação israelense dos territórios palestinos.
A carta das denominações enviada semana passada prejudica os laços entre grupos judaicos e evangélicos. Ela foi divulgada algumas semanas antes da reunião anual que discute as relações entre os dois movimentos religiosos. A “mesa redonda judaico-cristã”, como é conhecida informalmente, teve início em 2004. Ela é fornada por representantes de 12 grupos judeus e 12 cristãos.
Por outro lado, os grupos judeus ficaram chateados por não receberem um aviso prévio sobre o conteúdo da carta. O rabino Noam Marans, diretor de relações inter-religiosas e intergrupais do Comitê Judeu Americano, e um dos vice-presidentes da mesa redonda, disse que boicotar a reunião não é a resposta certa.
“Embora seja desanimadora tal iniciativa, é fundamental continuar no nosso compromisso de amplo diálogo judaico-cristão, pois isso tem contribuído de forma positiva ao longo dos anos para a melhoria das relações judaicas”, disse Marans. ”Afinal, até duas gerações atrás sentimento antijudaicos entre os cristãos não era incomum, e hoje é algo marginalizada dentro das igrejas. Esse é um desenvolvimento histórico muito importante. Não podemos perder essa perspectiva”.
Marans disse ainda que os grupos judeus devem continuar buscando estreitar os laços entre cristãos e judeus. “Protestantes liberais vivem lado a lado com os judeus, e os rabinos têm boas relações com ministros locais”, afirma Marans. “Uma vez que a antipatia em relação a Israel de alguns líderes é demonstrada no contexto destas relações, a liderança religiosa local é ouvida e comunica suas preocupações à sua liderança nacional”.
“A comunidade judaica entende que a esmagadora maioria dos norte-americanos e dos cristãos entendem que Israel deve defender-se e que Israel não é um agressor. Israel está na linha de frente de terrorismo e foi moldado tentando criar um equilíbrio entre a segurança e preocupação com os direitos individuais de todos os seus habitantes”, completou
Mesmo assim, um grande grupo judeu já cancelou sua participação na reunião marcada para 22 de outubro em Nova York. Outras organizações judaicas também devem cancelar. Abraham Foxman, diretor nacional da Liga Anti-Difamação, foi o primeiro a protestar e pediu que outros grupos judeus seguissem seu exemplo.
David Brog é o diretor-executivo de Cristãos Unidos por Israel, grupo evangélico que defende a aproximação de evangélicos e judeus. “Os cristãos se envolverão com Israel e o Oriente Médio quer os judeus aceitem, quer não… mas precisamos envolver nossos irmãos cristãos e que apoiam Israel nesse programa divino”, finaliza Brog, que é judeu.
Traduzido de JTA.org
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