15 abril, 2013

Convenção Batista Nacional lamenta repercussão do caso Feliciano

A direção da CBN acredita que há assuntos mais importantes para serem tratados

Em nota, a Convenção Batista Nacional lamentou a repercussão negativa que o caso do deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) atingiu aos evangélicos e fez críticas sobre esta relação entre religiosos e a política.
O texto na CBN atinge não apenas o parlamentar, como a igreja evangélica de forma geral chegando a criticar os pregadores e artistas que cobram para ministrar ou cantar.
A carta de lamento diz que o caso de pequena importância foi tratado de forma generalizada pela grande mídia que não dá importância aos “verdadeiros problemas da sociedade brasileira”.
Porém, a direção da Convenção Batista Nacional também lamenta ver que os evangélicos estão sendo taxados de homofóbicos simplesmente por entender a prática homossexual como pecaminosa, e diz que os ativistas estão sendo preconceituosos contra os evangélicos.
“Lamentamos que os ativistas da causa GLTBS causem tanto barulho e sejam tão preconceituosos contra os evangélicos, acusando-nos de fundamentalistas religiosos ou repressores, enquanto eles mesmos não admitem tentar impor uma ditadura da minoria à sociedade brasileira, majoritariamente de moral cristã e regime familiar tradicional.”
Para eles problemas como a violência contra a mulher, a exploração sexual de crianças e adolescentes, o abandono de idosos e outros assuntos deveriam estar na agenda mundial para serem tratados com mais urgência que os direitos aos homossexuais.
Leia na íntegra:
Face ao tema desgastado, mas ainda não sepultado pela mídia envolvendo a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, tenho sido concitado a um posicionamento em nome de nossa denominação. A Diretoria da CBN vem apenas expressar seu lamento por situação tão pequena ganhar repercussão e dar vazão a um circo de vaidades:
Lamentamos que a igreja brasileira produza e promova pessoas com oratória inflamada, mesmo com argumentos fracos e não bíblicos, simplesmente por serem portadores de um carisma pessoal, capazes de envolver pessoas com suas performances extravagantes travestidas de manifestação de poder espiritual.
Lamentamos que as Sagradas Escrituras sejam vilipendiadas pelos ditos pregadores, desprovidos de capacidade de análise piedosa e pregação simples e sincera, pois falam do que não conhecem e tentam explicar o inexplicável, apenas para arrogar maior saber diante um auditório impressionado por alguém que diz convocar serafins à sua presença, transferir unção, proclamar coisas nunca antes ditas ou frases de efeito similares.
Lamentamos que a igreja brasileira alimente o ego dos seus artistas e conferencistas com pagamentos absurdos de cachês, na realização de eventos que visam apenas promoção das próprias igrejas ou ministérios, aumento da visibilidade dos promotores em projetos pessoais ou políticos, e ainda obtenção de algum lucro financeiro.
Lamentamos que os evangélicos sejam ludibriados ao escolher candidatos que os representem nas diversas instâncias do poder republicano, pessoas despreparadas para o exercício de um mandato público, que se apresentam como voz profética ou defensores do evangelho, mas na verdade estão desenvolvendo seus projetos de poder e projeção pessoal.
Lamentamos que o sistema legislativo do Brasil seja tão vulnerável às manipulações pelos grupos de interesse partidários ou econômicos, de modo que o funcionamento tanto da Câmara como do Senado Federal são pouco produtivos na elaboração de leis ou na regulamentação dos dispositivos do Estado, que visa o bem estar da população brasileira.
Lamentamos que a CDHM seja vista pelos deputados como uma comissão de pouca expressão, por não ter peso econômico, assim como lamentamos o uso eleitoreiro do controle dela por parlamentares evangélicos.
Lamentamos que o Poder Legislativo seja visto pela população brasileira como reduto de gente que advoga em causa própria, usufrui benefícios e mordomias, distribui cargos e verbas para amigos ou correligionários, barganha com o Poder Executivo na busca de vantagens políticas, acoberta condenados, promove a impunidade, onera os cofres públicos e pouco serviço presta à população.
Lamentamos que a grande mídia tome o caminho das generalizações e infle assuntos de pequena importância, omitindo a discussão sobre os verdadeiros problemas da sociedade brasileira, evitando expor nomes e situações daqueles que operam o grande orçamento da propaganda das empresas estatais, mostrando-se tão corrupta ou oportunista como os eventuais personagens que ocasionalmente se presta a denunciar.
Lamentamos que os evangélicos sejam taxados pelo neologismo de homofóbicos, simplesmente porque entendem a prática homossexual como pecaminosa e convidam à conversão aqueles que voluntária e livremente buscam ajuda espiritual para abandonar tal prática.
Lamentamos que os ativistas da causa GLTBS causem tanto barulho e sejam tão preconceituosos contra os evangélicos, acusando-nos de fundamentalistas religiosos ou repressores, enquanto eles mesmos não admitem tentar impor uma ditadura da minoria à sociedade brasileira, majoritariamente de moral cristã e regime familiar tradicional.
Lamentamos que os direitos dos homossexuais estejam na agenda mundial como tema de extrema urgência, enquanto o problema da violência contra a mulher, a exploração sexual de crianças e adolescentes, o abandono do idoso, a problemática da fome, o acesso à medicação e políticas de saúde, o trabalho escravo, a discriminação racial, a desigualdade social e outras mazelas não pareçam ser do interesse da mídia e do capital.
Lamentamos que todo dia as páginas dos jornais e sites de notícias estampem alguma informação inútil sobre a CDHM e seu controvertido presidente, que como parlamentar tem o direito de ocupar o cargo, mas como pastor deveria ter aprendido a não vociferar bravatas teológicas ou palavras frívolas em suas palestras religiosas, pois ele está sendo julgado, não pré-julgado, pelo que disse.
Lamentamos que todo esse imbróglio, de fato uma cortina de fumaça para distrair os tolos e ocupar gente ociosa com causas estéreis, a verdade, a justiça e os direitos humanos sejam as verdadeiras vítimas nesse circo de vaidades, pois nenhum tema propositivo de significância foi gestado pela CDHM nos últimos tempos, e de agora em diante, nada se deve esperar.
Lamentamos que a igreja evangélica brasileira tenha sido levada a tal paradoxo ético: Como se posicionar a favor de um deputado pastor falastrão despreparado teológica e politicamente? Como endossar a abordagem preconceituosa, mentirosa e oportunista promovida pela mídia, a serviço dos movimentos GLTBS e dos interesses políticos escusos, que usam a situação para tirar o foco de outros personagens e temas?
Lamentamos ter que falar, quando mais sábio seria ficar calado.
Pela Diretoria da Convenção Batista Nacional
Pr. José Carlos da Silva – Presidente

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